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Rapha – mais que uma marca

Corria o ano de 2004.

Vi pela primeira vez, online, um jersey de uma marca nova diferente de tudo o que tinha visto até então. Linhas clean, cores básicas, e um conjunto de características de desenho e funcionalidades que rompiam com a norma. Era feita de lã de ovelha merino. Nunca tinha ouvido falar de nada assim.
Para além de bonito, era um jersey técnico multi-componentes: vinha com uns manguitos que ainda hoje uso, com uma fita refletora a todo o comprimento. O jersey, usei-o em passeios, treino e provas até quase se desintegrar. Ainda dura, com uma costura ou outra. Como muito material deles que fui comprando sempre que as finanças o permitiam.

Também ofereci ao meu Pai (e recebi) muito material deles ao longo dos anos. Em particular umas luvas de pele preta que, assim que as vi, achei que tinham sido feitas para ele. Eu não andava o suficiente para merecer ums coisa daquelas. Com buraco nas costas da mão e na base dos dedos. Com um ‘sniper’pad ‘para amortecer em vez de uma esponja ou bolsa de gel. De pele robusta. Um clássico.
Por serem de pele, ficaram feitas à mão. E foram usadas até gastar e abrirem buracos, guardadas como recordação.
 

Anos mais tarde, em 2017, fui dar com elas nas arrumações mais tristes que se podem fazer. Tinha decidido ir fazer a Étape du Tour, que nesse ano passava no Izoard – uma daquelas provas que sempre prometemos um ao outro irmos fazer – e senti que devia levá-las.

Escrevi à Rapha, contei a história sem grande esperança e, após enviar algumas fotos, recebi um e-mail completamente fora no normal nos dias de hoje: ‘I think they could possibly be repaired as they are very similar to the latter GT gloves and fabric swatches from that item could be matched. Send them in.’

Nem queria acreditar. Fui aos correios enviá-las e, semanas depois, buscá-las.

 
Abri o envelope e encontrei-as reparadas, o melhor possível – com painéis de pele recortados à medida e cosidos no lugar dos antigos, alguns deles removidos. Mas não foi só a reparação (gratuíta) e o saco de pano da Rapha repair service em que vieram. 
 
Vinham com um bilhete da pessoa que as reparou. E que já viveu em Lisboa.
Uma nota pessoal. De Humano para Humano.
 
Um artigo usado e reparado à mão, que depois ajudou a criar momentos inesquecíveis.
 
'As tuas luvas, o teu capacete, a nossa paixão'

Claro que a minha paixão pelas bicicletas não é só Rapha, mas também passou a ser Rapha.

As luvas, essas ainda vieram comigo fazer a Eroica Chianti. Mas isso fica para a próxima.

Obrigado Rapha, obrigado Stan!

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