
O milagre do Cabo Norte
‘Alguma coisa tinha que ceder’ ou ‘O Milagre do Cabo Norte’: nos 2 últimos dias a chiar e, após de ter verificado o pedal e oleado tudo sem perceber o porquê, foi neste estado que chegámos ao fim da prova.
‘Alguma coisa tinha que ceder’ ou ‘O Milagre do Cabo Norte’: nos 2 últimos dias a chiar e, após de ter verificado o pedal e oleado tudo sem perceber o porquê, foi neste estado que chegámos ao fim da prova.
Começo como acabei, a dormir ao relento no bivvy bag. Está um vento tramado e fui buscar uma palete de madeira para evitar o frio do chão.
São duas da manhã aqui e o Sol nasce no mar sem nunca ter sido noite.
Doem-me as pernas mas estou feliz, muito feliz. Acabei o NorthCape4000 há 2 horas.
E daquele ponto nortíssimo arrancavam um Alentejano e um Algarvio numa volta de 3 dias algo improvável nesta altura do ano.
Em pequeno tinha um mapa das estradas de Portugal inteiro, desdobrável, da Caixa Geral de Depósitos e entretinha-me a pintar a lápis de carvão os troços que ia fazendo, sozinho ou com o meu Pai, nos arredores de Évora. Sempre me fascinou.
Hoje é dia de Estrada Nacional 4, estrada que começa logo no kilómetro 12 devido a incluir no projeto uma ponte nunca construída entre Lisboa e o Montijo.
Inspirei fundo ao entrar na Casse Deserte, como quem entra para dentro de um cenário épico dos fillmes. Com deferência. De novo flashes de fotos e relatos de subidas épicas de Bartali, Coppi e Louison Bobet entre outros maiores. A bruteza e aridez da paisagem põe a nu, sem paninhos quentes, quem vai a pedalar. Isola-o. Singulariza-o.