Mais uma tempestade de areia, veados, bezerros, um urso, saddle sore, Vértix “nas couves”, hot Wings do KFC…este dia teve muitos ingredientes wild!
Na noite anterior a crew e o João decidiram descansar um pouco mais do que o habitual, ou seja, perto de 6 horas em vez das 4 dos dias anteriores, para tentar uma melhor recuperação da fadiga e das mazelas normais de muitas horas a pedalar. Uma das queixas já esperadas nesta corrida, o saddle sore (lesões na pele na parte que está em contacto com o selim), é testemunhada por muitos ciclistas da RAAM, quer de edições anteriores, quer desta, como vamos vendo nas redes sociais da prova. E o nosso rider não foi exceção.
Felizmente a crew tem skills e meios para lidar com este tema (e muitos outros!) e aplicou “tratamentos de beleza” de alto nível para uma recuperação adequada. Até porque, o João tinha que continuar a pedalar!
Partiram de manhã de South Fork e logo nas primeiras horas o Vertix voltou a não colaborar: muitas dificuldades em comunicarem entre o follow car e o rider, principalmente quando o carro tinha que fazer leap frog e passava para a frente do João. Na tentativa constante de se aproximarem e ficarem na posição “follow”, a crew teve que abrandar numa zona onde havia mais circulação de carros e uma viatura que circulava atrás fez uma travagem mais brusca. Lembram-se das medidas implacáveis que a Race HQ decidiu implementar no dia anterior? Atrás desse carro que fez a travagem vinha um dos juízes de prova que considerou que esta situação gerou impacto na circulação em estrada e como tal aplicou 1 hora de penalização à Team Iron Pigeon.
A crew explicou a situação, as dificuldades de comunicação que estavam a sentir e que motivavam que estivessem a tentar sempre manter-se atrás do ciclista. O juíz de prova entendeu, mas não poderia deixar de aplicar a penalização, dado que agora já não se aplicavam avisos. Foi a penalização mais “soft” que poderia ser, mas foi. E foi duro, para a crew e para o João sofrerem essa penalização, mas foi preciso processar, aprender para o futuro e seguir em frente.
A próxima TS seria Alamosa e para lá seguiram quando foram bafejados com mais uma tempestade de areia! Já sabiam como era…olhos atentos para ver se João se mantinha seguro na bicicleta, João a pedalar (e a curtir a adversidade!) e assim seguiram até “à bonança” quando chegaram a La Veta, na TS# 19.
Por volta da hora de almoço, os outros elementos da crew que circulavam no 2º carro, já tinham seguido também para as Rocky Mountains e esperavam-nos à beira da estrada, para fazerem os vídeos e fotos que documentam a aventura e com os quais nos temos deliciado nas redes sociais. Escreveram mensagens de apoio com giz, no chão, escolhendo zonas de subida, para o João ter mais tempo para as ler. Desta vez vinham beijinhos especiais, entre eles os das filhas Pombinhas, a Teresa (Tekas) e a Francisca (Xica). <3
E foi neste momento criativo da crew que o Sr Urso apareceu a 3 ou 4 metros e se pôs à escuta das conversas dos meninos … que susto! Já temos mais membros da crew a treinar para o record dos 50 mts! Fugiram para dentro do carro e puseram-se a salvo.
O follow car não chegou a ver ursos (pena!) mas viram muitos veados à beira da estrada e tiveram um encontro quase imediato com um bezerro (que já não era “…inho”), que atravessou a estrada à frente do ciclista. Estava enquadrado no dia mais wild da RAAM desta team.
Todos estavam deliciados com a vista do Trinidad Lake, no meio das montanhas, cheia de chalés (é uma zona de Ski), quase sem internet… e como todos sabemos, o ar do campo abre o apetite…pelo que após a TS# 20 em Trinidad, a crew reuniu-se para saborear umas hot Wings no KFC. Adivinhem quem comeu mais?
De volta à estrada tinham como objetivo pedalar mais umas horas pela noite dentro. Equiparam o rider para o frio, usaram mais uma vez a manta térmica, que tem funcionado bastante bem. A crew diz-lhe que ele é o rider “Ferrero Rocher” (a manta térmica é dourada), mas mais vale isso que ter episódios de hipotermia, que já aconteceram nesta edição da prova com outros riders.
Pararam a algumas milhas da TS# 21 (Kim, Colorado), numa zona de longas retas e como o alojamento mais próximo estava a cerca de 40 min de carro, fizeram o que está previsto nas regras da RAAM: informaram a Race HQ que iriam fazer um shuttle com o ciclista, levaram-no para o alojamento e após as horas de descanso voltaram a colocá-lo com a bicicleta no local onde parou.
O dia wild e longo chegava ao fim. Na RAAM a Solo iniciaram 30 atletas e neste dia passavam a 28 em prova, mais um DNF era atualizado no site dos resultados. O nosso dorsal (667) continua na estrada, com 2.064 Km conquistados. Vamos! Ou como se diz na gíria dos ciclistas, Bora Lá!