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SEGUNDO DIA DA RAAM

O DIA DOS CONTRASTES DE TEMPERATURA

O João e a crew estavam cientes que logo nos primeiros dias iriam lidar com condições exigentes, quer em termos de altimetria, quer em temperaturas muito variadas. E assim foi. Neste segundo dia as temperaturas foram dos 46° do deserto durante o dia, aos 7° em altitude durante a noite.

 

O calor do Mojave Desert foi difícil de gerir, obrigando a mais paragens para hidratar e refrescar na medida do possível. Durante os treinos em Portugal, a crew testou a colocação de sacos de gelo no pescoço do João, acondicionados dentro de meias (sim meias! Meias de corrida, brancas), que se atam uma à outra e ficam assim penduradas e aplicadas sobre a nuca e a zona das carótidas. Este foi um método praticado por outras equipas que fizeram a RAAM em anos anteriores (há muita aprendizagem nos testemunhos de quem já fez a RAAM) e que se comprova que funcionou, quer em treino, quer em prova. 

Claro que o João e a crew tiveram que lidar com a alta temperatura do deserto por mais tempo do que qualquer treino que fizeram por terras Portuguesas. E como a necessidade aguça o engenho, a crew passou este segundo dia a procurar formas criativas de arrefecer o ciclista, colocando gelo em sacos nas bolsas do jersey, tentando improvisar um ice vest. No deserto as árvores também escasseavam, mas a crew tinha um chapéu de sol para terem alguma sombra nos momentos de paragem.

A crew tem também um log com o registo de toda a nutrição que é dada ao rider (água, hidratos, proteína, comida sólida, eletrólitos, etc, registados com data e hora) e dessa forma conseguem antecipar, prever e preparar o próximo momento para fazer refill. O log é um instrumento muito útil, mas é preciso também estar atento às condições. O calor extremo, por ex, impossibilita o uso de bidons muito cheios, porque rapidamente aquecem e, seja a água ou outro tipo de alimentação líquida, não estarão em condições de serem consumidos.

No final do dia o cansaço acumulado já era algum, mas superaram a exigência do calor, não fosse o João e boa parte da crew, genuínos Alentejanos!

 

Caiu a noite aqui do lado dos seguidores e iniciava o final da tarde para os nossos heróis na RAAM. Tinham pela frente o que eles descreveram como “a parte em que vamos ganhar metros”. Iniciaram a subida de Iron Springs e a temperatura baixou drasticamente. Com o chegar da noite e da altitude estavam 7°, mas diz a crew que o real feel  era bem mais agressivo e estavam dentro do carro…

A pedalar o João vestiu equipamento mais quente, casaco, luvas… e foram necessárias duas tentativas para acertar as peças certas que lhe dessem algum “conforto” para lidar com o frio em altitude. Depois de mais alguns km e cansaço acumulado, o sono bateu à porta e decidiram parar e dormir umas horas no carro, dado que o próximo ponto de paragem planeado ainda estava a alguma distância.

E foi a decisão acertada: dali em diante tinham uma longa descida, com muitas curvas e contracurvas, que exigiria um ciclista bem desperto e atento, para a fazer em segurança.

 

Na RAAM é assumido que a crew e o rider vão dormir onde for preciso: no carro, num jardim, num hotel, onde e quando for possível, privilegiando a segurança, mas sempre orientados à necessidade de descanso do rider. E neste caso a crew deve comportar-se tal como as mamãs recentes: se o rider dorme umas horas, a crew também dorme umas horas.

No final do segundo dia da aventura, os riders a solo na RAAM passaram de 30 a 29 (surgiu o primeiro DNF). O João e a Team Iron Pigeon chegaram à TS #7 (Prescott, Arizona) já no início da madrugada, com 716 Km percorridos. Mas ainda não tinham feito as 48H após a partida, ou seja, a média de Km/dia planeada estava a ser cumprida com distinção!

 

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